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Diagnóstico do Uso da Bicicleta em Campina Grande-PB

Para cumprir com a exigência da Lei no 12.587 de 2012 que institui as diretrizes da política nacional de mobilidade urbana, técnicos da prefeitura de Campina Grande chamaram nossa diretora Aída Pontes para elaborar um diagnóstico do uso da bicicleta em Campina Grande.


O uso da bicicleta como meio de transporte vem sendo incentivado em vários centros urbanos em todo o mundo. A bicicleta, além de ser um meio de transporte sustentável, traz benefícios à saúde, ao meio ambiente, econômicos, sociais e para a mobilidade urbana. Enquanto que apenas 10% das pessoas do mundo podem adquirir um carro, 80% tem condições de adquirir uma bicicleta. O uso da bicicleta é inclusivo por não ter barreira financeiras, de idade, e pessoas com algum problema de locomoção. Além disso, o uso da bicicleta facilita as interações sociais e traz externalidades como maior segurança nas ruas da cidades.

Em Campina Grande, a última pesquisa domiciliar de origem-destino em 1997, já apresenta um percentual de 4,4% dos deslocamentos feitos por bicicleta. Estimativas da ANTP (2012) para cidades de 250 a 500 mil habitantes prevê que 5% dos deslocamentos são feitos em bicicleta. Essa pesquisa faz um diagnóstico do uso da bicicleta como meio de transporte na cidade de Campina Grande. Além disso, é feita uma estimativa do número de biciclistas que circulam em principais vias da cidade além de caracterizar seu uso. Baseado em 12 pontos de pesquisa escolhidos por conhecimento dos pesquisadores e da equipe da STTP, mais de 8.000 ciclistas foram contados nas ruas da cidades e mais de 1.200 entrevistados. Seus trajetos foram caracterizados e as principais dificuldades levantadas.

Número de ciclistas por ponto de pesquisa

Número de ciclistas por ponto de pesquisa

LabRua, 2014.

Além das pessoas que já usam a bicicleta como meio de transporte na cidade, mais pessoas podem migrar de outros modais de transporte para o modal bicicleta. Usuários potenciais são os pedestres. Em Campina Grande, mais de 40% dos deslocamentos são feitos à pé. No entanto, não se sabe nem a qualidade desses deslocamentos nem as distâncias percorridas por quem opta por esse modal. Quando comparado, por exemplo, a divisão modal de Copenhagen na Dinamarca, percebemos que lá é o inverso: quase 40% dos deslocamentos feitos de bicicleta enquanto que 5% são feitos à pé (GEHL, 2013). Por mais que as realidades culturais e de planejamento sejam diferentes, é possível supor uma melhoria nos deslocamentos das pessoas se esses fossem feitos de bicicleta. A bicicleta é o veículo mais sustentável que existe, e ela se locomove a uma velocidade ao menos três vezes mais rápida que o pedestre (15km/h no lugar de 5km/h do pedestre), o que possibilitaria àquelas pessoas que não usam um meio de transporte motorizado a ter uma abrangência espacial maior na cidade assim como uma velocidade maior, sobrando tempo para fazer outras atividades.

Para essa pesquisa foram realizados

  • Contagem dos ciclistas que passaram das 5:30 às 18:30 | Contagem volumétrica-direcional, com intervalos a cada 15 minutos, marcando também a quantidade de mulheres ciclistas, pedalando na calçada, na contramão, usando capacete, luzes, carregando caixas e/ou mochilas.
  • Entrevistas nas horas de maior fluxo de ciclistas | Questionário contendo informações sobre a viagem (origem/destino, motivo, tempo), informações qualitativas (problemas encontrados, outros modos, etc.), informações se sofreu acidente e informações pessoais (sexo, idade, renda, etc.).

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O relatório final da pesquisa entregue à STTP assim como o Plano de Mobilidade Urbana da cidade de Campina Grande são documentos elaborados com base nessa pesquisa.